Local de sepultamento de Platão descoberto graças à inteligência artificial

Um rolo de papiro carbonizado que remonta à época da devastadora erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C. revelou informações valiosas sobre onde o famoso filósofo grego Platão foi enterrado. Esta descoberta fascinante é o trabalho de uma equipe de pesquisadores italianos liderada por Graziano Ranocchia, da Universidade de Pisa, que usou inteligência artificial (IA) para decifrar o texto.

Platão
© New-science.ru

Onde Platão está enterrado?

Platão é um dos filósofos mais influentes da história da filosofia ocidental. Nascido em Atenas por volta de 427 ou 428 a.C., foi aluno de Sócrates e tutor de Aristóteles. Suas ideias e escritos tiveram uma profunda influência no pensamento filosófico, político e ético ocidental.

Platão é mais conhecido por fundar a Academia em Atenas, que é considerada uma das primeiras instituições de ensino superior na Europa. Aqui Platão ensinou sua visão da filosofia, que se concentrava em ideias como a teoria das formas, a justiça, o conhecimento e a natureza da alma. Sua obra mais conhecida, A República, explora esses conceitos em profundidade por meio de diálogos entre diferentes personagens.

No entanto, apesar de sua fama e influência duradoura, alguns aspectos da vida de Platão permanecem envoltos em mistério, mais notavelmente seu enterro. Embora saibamos que ele morreu em Atenas por volta de 348 ou 347 a.C. e que ele está enterrado na Academia, a localização exata de seu túmulo permanece desconhecida. Este mistério deu naturalmente origem a muitas conjecturas e teorias ao longo dos séculos. Alguns acreditavam que seu túmulo estava no jardim, outros acreditavam que ele foi destruído ou movido em algum momento da história. No final, foi preciso o advento da inteligência artificial para encontrar a resposta.

Resposta escrita em papiro queimado
Como Pompeia, Herculano foi enterrado sob cinzas e fluxos piroclásticos durante a erupção cataclísmica do Monte Vesúvio em 79 d.C. Entre os pergaminhos carbonizados encontrados séculos depois sob os escombros estava um texto atribuído a Filodemos de Gadara, filósofo epicurista do século 1 a.C. Este texto, intitulado A História da Academia, contém detalhes da academia fundada por Platão no século IV a.C., bem como informações sobre a própria vida e sepultamento de Platão. No entanto, grande parte deste texto permaneceu ilegível.

No trabalho recente, os pesquisadores usaram uma variedade de técnicas avançadas, incluindo imagens ópticas infravermelhas e ultravioletas, imagens térmicas e tomografia, para estudar esse texto, que agora faz parte do acervo da Biblioteca Nacional de Nápoles. Eles então usaram algoritmos de inteligência artificial para processar as imagens produzidas por essas técnicas. A IA permite analisar essas imagens em profundidade, extrair as características do texto e reconstruir as palavras e frases presentes nele.

Até agora, cerca de 30% do conteúdo escrito por Philodemus foi identificado. São cerca de 1.000 palavras que revelam detalhes intrigantes da vida de Platão.

Pesquisadores usaram diferentes tipos de tecnologia para decifrar o papiro antigo. Imagem: Conselho Nacional de Pesquisa da Itália
Pesquisadores usaram diferentes tipos de tecnologia para decifrar o papiro antigo. Imagem: Conselho Nacional de Pesquisa da Itália

Uma enorme quantidade de informações foi decifrada

Uma das descobertas mais significativas é a descoberta da localização do túmulo de Platão. Ao contrário de relatos anteriores, segundo os quais seu túmulo estava na Academia que fundou, o texto decifrado indica que o filósofo foi enterrado no jardim reservado a ele, ao lado do Mouseion, ou santuário sagrado das Musas.

O texto também revela detalhes da vida de Platão, incluindo um evento surpreendente quando ele foi supostamente "vendido como escravo" entre 404 e 399 a.C., o que é diferente do período sugerido anteriormente. Além disso, parte do texto descreve um diálogo em que Platão expressa seu desprezo pelas habilidades musicais do músico bárbaro da Trácia.

Esta descoberta não é a primeira do tipo em Herculano. Os pesquisadores já usaram inteligência artificial para decifrar outros pergaminhos carbonizados encontrados na área após a erupção vulcânica. Este trabalho permitiu-nos ter um novo olhar sobre a vida e a cultura da antiguidade, oferecendo um olhar fascinante sobre este mundo antigo.
Gustavo José
Gustavo José Escrever para a web é minha paixão.

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*Traduzido de site parceiro